Reflexão - BE 2.0

Que passos poderiam dar as bibliotecas para se aproximarem de um modelo de biblioteca 2.0?

Reflexão

Nas escolas subsistem as primeiras gerações que cresceram com o comando à distância numa das mãos e o rato na outra, os chamados nativos digitais ou geração digital, que estão a revolucionar os conceitos de ensino, de aprendizagem e de conhecimento. A Web, meio por excelência para a construção de conhecimento, interface de encantos e desencantos, permite repensar e construir novas formas de comunicar e ter acesso rápido e flexível à informação, para aprender e conhecer. Esta modalidade de fazer conhecimento coloca o aluno no centro da sua própria aprendizagem e exige novas competências às escolas, bibliotecas, docentes e professores bibliotecários.
O termo web 2.0 foi cunhado, em 2004, por Tim O’Reilly, que o define como “uma plataforma, um serviço continuamen­te renovado e atualizado, que fica melhor quanto mais pessoas o utilizam”. Este conceito assume uma nova postura de intervenção e interação do utilizador, na construção do conhecimento e nas estratégias de aprendizagem, numa plataforma privilegiada de aprendizagem e de trabalho colaborativo: web 2.0. Davis (2005) engrandece ainda mais o utilizador ao declarar que “web 2.0 é uma atitude e não tecnologia”, no sentido em que permite, incentiva e aproveita a participação de todos na criação e avaliação de conteúdos, melhorando o produto e a qualidade. O conceito Biblioteca 2.0 surge como a “aplicação dos princípios e ferramentas da web 2.0, nos ser­viços tradicionais, estáticos e assíncronos da biblioteca” (CASEY, 2009). Miller (2005), para definir Biblioteca 2.0 que faz uso de fórmula matemática, interessante e objetiva: “web 2.0 + biblioteca = biblioteca 2.0”. Maness (2006) aponta algumas características que definem a Biblioteca 2.0 na sua ação perante os utilizadores: A participação do utilizador na criação de conteúdos, a disponibilização de serviços e coleções com componentes multimédia, a interação social (síncrona e assíncrona) e a inovação ao serviço da comunidade.
Na sequência do que foi referido e acrescentando a velocidade com que as alterações tecnológicas se processam e se diluem no tempo (novas webs), torna-se imperioso, e ao mesmo tempo um grande desafio, quer para a escola, quer para as bibliotecas, dar respostas atualizadas aos utilizadores, que são exigentes, sequiosos e que são os principais portadores das novidades tecnológicas, nas escolas. As bibliotecas, para se aproximarem do modelo de biblioteca 2.0 precisam de melhorar os seus serviços, responder às necessidades dos utilizadores, propor novos serviços para angariar novos utilizadores, implicar e envolver os utilizadores e a comunidade, oferecer serviços multimédia atrativos e facilitadores de interação e necessitam de acompanhar o desenvolvimento tecnológico, sob pena de ficarem obsoletas, pouco atrativas e não corresponderem às expectativas dos seus utilizadores.  
A transformação de uma biblioteca tradicional numa biblioteca 2.0 significa a evolução e o enriquecimento das bibliotecas, usando para o efeito ferramentas da web 2.0, tais como: motores de busca, bases de dados on line, correio eletrónico, blogues, conversas digitais, vídeos, podcasting, média, redes sociais, wikis, etc.
Assim, as bibliotecas, para se tornarem em bibliotecas 2.0, precisam de dar passos largos na aplicação das ferramentas 2.0, investir na formação e qualificação dos recursos humanos existentes, centrar a sua ação no utilizador e nos seus interesses, desenvolver a literacia digital, potenciar ambientes digitais de aprendizagem, promover a interação e a construção coletiva de conteúdos, definir políticas de criação de novas ferramentas, novas formas de disponibilização da informação, novos ambientes de contacto com o público, alargar a coleção a novos formatos, transformar o espaço da BE num ponto de acesso a documentos fora de portas.
No caso particular da BE da Escola Profissional de Agricultura de Carvalhais já foram implementadas algumas ferramentas da Web 2.0 na contrução e divulgação de conteúdos, a saber: Blogue, Picasa, Diggo, facebook, Google drive, moviemaker, youtube, wikis e catálogo online (incipiente).

Referências:

Furtado, Cassia Cordeiro (2009). Bibliotecas escolares e Web 2.0.: revisão da literatura para Portugal e Brasil. v.15, n.º2, pp. 135-150, Porto Alegre.

Manness, Jack M. (2007) Teoria da biblioteca 2.0: as suas implicações para as bibliotecas. Inf. & Soc.:Est., João Pessoa, v.17, n.1, p.43-51, jan./abr., 2007. Tradução do original Library 2.0 theory:Web 2.0 and its implications for libraries, publicado na Webology, v. 3, n.2. Disponível em:<http://www.webology.ir/2006/v3n2/a25.html.  Traduzido por Geysa Câmara de Lima Nascimento e Gustavo Henrique do Nascimento Neto.

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